- Aumentar os lucros investindo na remuneração dos empregados

....Muito se tem falado sobre a implantação da remuneração variável nas empresas, como forma de melhorar a remuneração dos empregados. E várias tentativas têm sido feitas, com muitas desistências, sem que conseguir os objetivos pretendidos.
....Por que será que boa parte dos modelos adotados não têm tido o sucesso desejado? Por que esta idéia brilhante de pagar melhor aos empregados, sem comprometer os custos, é abandonada pelos empresários?
....Eu, particularmente, parto do princípio que a remuneração variável, complementar aos salários, nunca deve ser um fim, mas a conseqüência da transformação estratégica da gestão empresarial.
....Vamos analisar alguns fatores que influenciam este contexto.
....Inicialmente podemos afirmar que todas as pessoas procuram um emprego para viabilizar o atendimento de suas necessidades básicas de sobrevivência. Para isso, aceitam qualquer salário, fazendo qualquer coisa, para conseguir o “tão sonhado emprego”.
....Rapidamente o salário deixa de atender às novas necessidades e logo esta pessoa almeja um aumento. E isso é uma constante na vida dos empregados, pois ninguém fica satisfeito com o seu salário por mais de vinte e quatro horas. Ainda bem, isso é natural, demonstra vontade de crescer, de alcançar novos patamares na luta pela sobrevivência.
....Mas é um ciclo sem fim, porque está provado que salário não é um fator motivador para as pessoas. Pode até desmotivar, mas nunca atenderá as necessidades crescentes das pessoas.
....Mas o que poderia motivá-las?
....Os estudiosos do comportamento organizacional afirmam que buscar a satisfação profissional e a identificação de desafios são os principais caminhos para que cada pessoa esteja motivada na empresa em que trabalha. Mas isso não será possível viabilizar nas empresas que adotam um modelo de gestão orientado para a execução de tarefas, já que as pessoas são obrigadas a cumprir tarefas previamente estabelecidas, e são cobradas pela sua execução, com qualidade, no tempo previsto e sem que haja desperdícios.
....Poucas são as pessoas que têm consciência do porque da existência da empresa em que trabalham, sabem da sua missão, dos objetivos, dos resultados que se espera alcançar, nem sabem quais são as suas responsabilidades - mal sabem que tarefas devem executar.
....Aliás, neste modelo de gestão os chefes é que são os responsáveis.
....Chefes que adotam um modelo que costuma me lembrar as antigas fazendas escravagistas do Brasil Imperial, pois o papel dos chefes se assemelham aos capatazes, tomando conta dos infelizes que trabalham, executando as tarefas sob uma supervisão direta do chefe, sempre subjugados por um novo chicote, o chicote psicológico que substituiu os antigos de pau e corda.
....Isto é, as pessoas são obrigadas a inibir a sua criatividade, pois são pagas para executar e não para pensar. Não lhes é permitido ter desafios, mexer com seus brios profissionais, buscar a felicidade no trabalho.
....Outro fator que cria grande motivação nos empregados é a possibilidade de poder influenciar nas diretrizes da empresa, poder sugerir desafios para que todos, de forma integrada, gerem resultados significativos para a consolidação da sua organização. Tanto resultados econômicos, que garantirão a sobrevivência da empresa, quanto os não-econômicos, que permitirão a sua perpetuidade.
....Ora, se os empregados passarem a se co-responsabilizar pela consecução dos resultados organizacionais, deixarem de ser apenas os pequenos robôs que seguem, sem pestanejar, as ordens do chefe, se preocuparem com o sucesso da empresa, nada mais justo do que repartir com eles uma parcela, negociada, dos lucros decorrentes do esforço do capital e do trabalho.
....Porém, o trabalho solitário ou individualizado não será suficiente para atender os compromissos assumidos pela empresa. É preciso, também, mudar o modelo de gestão de forma que seja valorizado o trabalho em equipe, o trabalho colaborativo.
....O modelo adotado hoje estimula as disputas internas, com o objetivo de “motivar” os subordinados. Ficam parecidos com os gladiadores da Roma antiga que precisavam eliminar os seus parceiros para garantir a sua própria sobrevivência. Em um curto espaço de tempo os chefes até conseguem resultados, mas este método se exaure por si mesmo, desmotivando todos que participaram das disputas, sem verem atendidas as suas expectativas.
....É bom considerar que uma empresa é a resultante da efetiva utilização de suas potencialidades, principalmente as potencialidades dos seus colaboradores, que esperam poder usá-las em proveito da empresa, mas, também, para satisfazer a sua necessidade de auto-realização.
....Portanto, como afirmei anteriormente, participação nos lucros é uma conseqüência da efetiva participação dos empregados na gestão das empresas. É uma mudança estratégica do modelo de gestão empresarial.
....Será que existe outra saída?
....Certamente que sim, esta é apenas uma alternativa de mudança que os empresários precisam promover - e alguns já o fizeram. Mas uma coisa é certa: deve haver uma mudança. Ou muda, ou dança.
....Um último fator deve ser considerado: a diferença das contribuições individuais. É importante que sejam estimulados os trabalhos em equipe, como já foi citado, mas igualmente importante é considerar o esforço que cada um dispensa para o sucesso da empresa.
....Para isso, um caminho adequado é a implantação de um processo sistemático de avaliação, vinculado à expectativa de resultados previamente estabelecidos, tanto para a empresa, quanto para as equipes e para as pessoas. Para isso, devem ser identificados os indicadores de avaliação e a forma que eles serão medidos, envolvendo todos nesta mensuração, e não só as chefias, como era feito antigamente.
....Pronto, você já tem uma série de informações para viabilizar lucros, investindo na remuneração dos empregados, sem comprometer os seus custos. A opção é sua: deixar do jeito que está, ou transformar sua estratégia empresarial e ver os resultados aumentarem a cada ano.