- As orientações estratégicas dos gestores

Certa vez questionei um cliente, diretor de uma empresa de engenharia, sobre qual a diferença entre o seu trabalho e do seu mestre-de-obras?
- Ora, eu sou o diretor da empresa, tenho o poder de um diretor, posso decidir coisas importantes. O mestre-de-obras "toca" a obra, ajuda o engenheiro.
- Para mim, você, o engenheiro e o mestre-de-obras estão fazendo a mesma coisa. Ambos estão acompanhando o andamento da obra. Pelo que vejo, os três "correm" a obra todos os dias, resolvendo os problemas que aparecem. Só que cada um manda mais do que o outro.
Em outra ocasião, um presidente de uma empresa-cliente, me afirmou que um dirigente eficiente é aquele que está apto a resolver problemas em um pequeno espaço de tempo.
Claro que ele ficou surpreso quando afirmei que, na minha opinião, seria aquele que administra a sua empresa procurando antever os problemas, evitando que eles acontecessem.

A partir destes dois exemplos, gostaria de levantar uma questão que me parece relevante neste momento em que as empresas estão vivenciando uma grande competitividade, decorrente das mudanças que vêm ocorrendo no país e no mundo.
Qual é a principal responsabilidade de um dirigente de uma organização?
Este questionamento é válido para o dirigente da empresa privada, seja ela grande ou média, pequena ou micro, familiar ou não, bem como para o dirigente das instituições públicas.
O que o diferencia dos demais integrantes da sua equipe?
Resposta: a escolha da ESTRATÉGIA.
É óbvia esta resposta, todos temos consciência disso.
A diferença não está na conscientização, está no pensar estrategicamente em todos os momentos, no orientar estrategicamente todas as ações, fazer acontecer de acordo com as estratégias concebidas, ajustar as estratégias de acordo com as variações de cada momento.
Simples, não? Mas vamos investir um tempo e energia nesse tema.
Parece que é simples, mas o dia-a-dia das organizações nos mostra outra coisa. Definir estratégias organizacionais é uma questão complexa, trabalhosa e diferente dos processos organizacionais convencionais, mas possível para qualquer mortal que se disponha a investir na observação dos cenários que envolvem a sua organização.
Nem é necessário que você seja um extraterrestre ou um superdotado! Porém, é preciso que seja alterado o modelo mental adotado até hoje.
E é aqui que começa a transformação.
Tradicionalmente os dirigentes posam de estrategista da sua empresa, ,as na prática, priorizam, dão importância para os procedimentos organizacionais que produzem resultados de curto prazo. De acordo com sua vocação, escolhe a área técnica - marketing ou produção, por exemplo - ou a área administrativa - principalmente a financeira.
Sua equipe é formada por pessoas da "sua inteira confiança", mas mesmo assim o sistema de controle é centralizado na atuação das pessoas e não nos resultados que poderiam/deveriam gerar.
A "delegação" é limitada - o olho do dono é que engorda o boi - e o processo motivacional é estimulado por metas - a famosa "cenoura" anteposta aos animais de tração.
A chamada equipe, na verdade, é aquele amontoado de pessoas que trabalham juntas, as quais são estimulas a "vestir a camisa" da organização.
Resultado disso tudo? A falta de resultados.
Quantas empresas você já viu serem reduzidas a pó depois de atingirem o Olímpo da economia? Quantos jovens empreendedores não conseguiram sobreviver além dos três primeiros anos de vida empresarial? Quantas boas idéias e intenções geraram frustrações para aqueles que tentaram empreender criando empresas novas, mas adotando modelos mentais ultrapassados?
Qual seria, então, a solução? Varinha de condão?
Claro que milagres não vão ocorrer, a varinha de condão não existe. Necessário se faz questionar o modelo que você escolheu.
Diferente do usual, será necessário que você ouse desaprender ... e reaprender seguindo a forma de pensar dos exitosos, sem copiar as suas idéias.
Certamente não será através de milagres, nem através de receitas prontas, que você vai conseguir mudar. Talvez ajude se você refletir no seguinte:
Qual será o seu diferencial para vencer e ter sucesso?
Como você vai surpreender o seu cliente?
Com quem e como você vai firmar parcerias?
Como você vai formar uma equipe, na verdadeira concepção da palavra?
Qual será a sua relação com a sociedade, com a comunidade onde você atua?
Afinal, qual é o seu sonho? Quem sonha com você? Que pessoas vão realizá-lo?


DIFERENCIAL

Para oferecer um diferencial no mercado, é importante, em primeiro lugar, ser competitivo, deixar de comparar o que você oferece com o que o seu concorrente tem apresentado para o mercado.
Talvez diminuir a preocupação em relação ao seu concorrente e aumentar a sua atenção ao cliente já possa fazer diferença.
É importante que você tenha consciência do seu produto, dos seus processos, da sua clientela, das suas forças, das suas incompetências, das oportunidades que o mercado lhe oferece.
Faça uma leitura apurada nos cenários que envolvem a sua empresa, baseie-se em informações válidas e verdadeiras, trabalhe com dados levantados em pesquisas, para que você possa optar pelo que vai fazer diferença.


SURPREENDER OS CLIENTES

Virou moda, todas as empresas e instituições estão adotando o discurso e a estratégia para satisfazer o cliente. Você também vai cair na "vala comum"?
Surpreender o cliente é descobrir o que ele necessita, mas que ainda está no seu limite de consciência. Está além.
Ele precisa mas não sabe disso, e quando alguém oferecer ele - OH! - vai se surpreender. Ponto para você, faturamento para a sua empresa.


PARCERIAS

Ainda hoje grandes empresas adotam a estratégia de exaurir os seus fornecedores para reduzir a sua incompetência de atuar competitivamente no mercado. Pior, uma conhecida grande empresa escreveu, e distribuiu entre os seus compradores, como tirar o máximo proveito de seus fornecedores, ensinando: quando eles chegarem no máximo, peça mais, ele quer e precisa vender para nós.
Ora, milagre ninguém faz, nem você nem o seu fornecedor. O crescimento e o desenvolvimento de vocês dois só trará benefícios para o mercado, pois, só assim, ambos poderão oferecer produtos e serviços de qualidade, no preço que o consumidor deseja pagar.
Por outro lado, os seus concorrentes são apenas concorrentes, não são, ou não deveriam ser, seus inimigos. Promover parcerias com eles poderá viabilizar a redução de preços das matérias-primas, incorporação de tecnologias, desenvolvimento de competências, entre outros benefícios. Vai depender da nova postura que vocês adotarem.
É claro, será necessário um novo modelo mental.


EQUIPE

É muito comum considerarmos os nossos funcionários como membros da nossa equipe, não é mesmo? Mas você já se perguntou o que faz um grupo de pessoas que trabalham juntas se transformar em uma verdadeira equipe?
Vamos começar pelo comprometimento. Você tem certeza que as pessoas que trabalham com você estão comprometidas com o sucesso da empresa ou da instituição? Essa estória de vestir a camisa é muito bonita, mas será que as pessoas vão vestir a "camisa dos outros" sem a certeza que um dia poderão ficar descamisados?
Se perguntarmos para a maioria das pessoas que trabalham como empregados, elas não saberão dizer qual é a razão da existência da sua organização. Não saberão dizer que resultados os dirigentes esperam que elas possam oferecer, não têm consciência de quais são os valores e os princípios da sua organização.
Certamente sabem quais são as suas tarefas, mas não sabem como poderiam colaborar com o colega para que, juntos, possam trabalhar melhor, com mais harmonia e mais descontração.
Recebem um salário praticado pelo mercado, mas poucos participam do sucesso da empresa, quer seja através de um prêmio pecuniário ou uma oportunidade para se desenvolver técnica e profissionalmente.
Muitas são as características que transformam grupos de pessoas em equipes eficazes para produzir resultados efetivos para as organizações. Listamos apenas algumas para provocar debates na sua empresa. Com quem? Com os próprios empregados ou servidores.


RELACIONAMENTO SOCIAL

Já ouvimos muitos empresários dizer que suas empresas não são instituições de caridade e que seu negócio é dar lucro para os acionistas. Isto é, não estou preocupado com a sociedade, isso é problema do governo.
Porém, sua organização está inserida em um contexto social que está, cada vez mais, cobrando responsabilidade e participação comunitária das empresas e das pessoas. Em recente pesquisa, fica evidente a diferença que a população faz entre as empresas e instituições que têm participado de programas sociais, prestigiando-as em relação às demais.
No modelo mental antigo, esta participação era vista como despesa - mais uma - que onerava os custos e trazia aborrecimentos. Hoje está provado que este investimento tem trazido resultados positivos para as organizações, resultados não-econômicos em curto prazo e econômicos no médio prazo.


SONHOS

Você se lembra do seu sonho quando montou a sua empresa? Ou seu sonho quando aceitou o cargo em que está atuando hoje?
Você ainda tem um sonho?
Saiba que os sonhos são os geradores do sucesso. Sonhar, com o firme propósito de realiza-los é fundamental para que você e sua organização tenham sucesso.
Se deixou de sonhar, junte a sua equipe para definir um novo sonho, transforme o seu sonho no sonho de todos, para que cada um contribua com o que sabe e com o que tem para que ele se transforme em realidade.
Mas sonhe diferente, com um novo modelo de gestão, com um novo modelo mental, que incorpore as transformações que estão ocorrendo no mundo. Não crie uma empresa nova baseada em um modelo antigo de gestão.


Hermano Wrobel